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Ba Be Bo Bu
Beb Bêj Ben

Uma série de bebidas, inclusive alcoólicas, são usadas nas religiões de matriz africana, como o candomblé, a umbanda, a quimbanda e a jurema/ catimbó. Os motivos para isso podem ser vários, como se vê a seguir. Na umbanda, as bebidas para uso ritualístico são chamadas também de curiadores.

Quais são as bebidas (curiadores) dos orixás e dos guias (entidades) espirituais na umbanda?

Bebidas nas oferendas

Na umbanda, cada orixá e entidade espirituais tem as suas bebidas de preferência, que podem ser usadas como oferenda. Isso não significa que esses seres espirituais precisem delas. Mas sim que a vibração energética dessas bebidas é propiciatória da manifestação delas.

Em geral, considera-se que estes são os curiadores dos orixás (pode mudar de acordo com a doutrina do terreiro):

  • Oxalá: Água mineral ou vinho branco
  • Ogum: Cerveja clara
  • Xangô: Cerveja escura
  • Oxóssi: Cerveja clara
  • Obaluaiê: Vinho branco doce e mel
  • Ibeji: Refrigerante e mel
  • Iansã: Champanhe branco
  • Oxum: Champanhe branco
  • Iemanjá: Champanhe branco
  • Nanã Buruquê: Champanhe rosé

E os das entidades em geral são:

  • Caboclos: Cerveja clara, água, aluá, vinho moscatel
  • Pretos Velhos: Café sem açúcar, vinho tinto e cachaça
  • Crianças: Refrigerantes, mel e sucos de frutas (antigamente, dava-se aluá)
  • Baianos: Batida de coco e água de coco
  • Boiadeiros: Cerveja escura e batida de coco
  • Marinheiros: Cachaça e rum
  • Exus: Cachaça, (alguns recebem whisky, gim, cerveja e vinho tinto)
  • Pombasgiras: Champanhe, licor e vermute tinto

As bebidas (curiadores) das entidades podem variar de acordo com a doutrina do terreiro. Ou da preferência individual de cada entidade. Por exemplo, o caboclo Arranca-Toco que trabalha com o médium João pode preferir tomar cerveja, enquanto o caboclo Arranca-Toco que trabalha com a médium Maria pode preferir tomar água.

Outras bebidas também podem ser usadas, tais como: água com açúcar, água com mel, água com arruda, cachaça com mel (meladinha), vinho de jurema etc.

Em todos estes casos, as bebidas podem ser usadas para oferendas e/ou para as entidades beberem.

No candomblé e na religião tradicional iorubá, usa-se muito o gim, bebida de origem holandesa, introduzida na África na época da colonização. Em geral, o sacerdote ou fiel masca um pouco de pimenta da costa, enche a boca de gin e em seguida borrifa sobre o assentamento do orixá. Contudo, nem todos os orixás recebem o gim como oferenda.

Limpar pontos riscados

Os pontos riscados podem ser limpos com água ou cachaça. Em geral, os pontos riscados por exus e pombagiras, em especial os pontos de fogo, são limpos com cachaça.

Banhos

Em alguns terreiros, bebidas como cachaça, espumante, gim e cerveja podem ser agregados a banhos de ervas quinadas em água. Este uso de bebidas alcoólicas deve ser feito somente sob orientação e supervisão de um sacerdote competente. Em geral, este uso serve para descarrego pesado ou para atrair a presença do exu e da pombagira do médium, embora possa haver também outros motivos, dependendo do terreiro.

O álcool e a mediunidade

Segundo o Curso de Umbanda da Sociedade Espiritualista Mata Virgem (SEMAV):

“O álcool, tem emprego sério na Umbanda. Quando tomado aos goles, em pequenas quantidades, proporciona uma excitação cerebral ao médium, liberando-lhe grande quantidade de substâncias ativadoras cerebrais, acumulada como reserva nos plexos nervosos (entrelaçamento de muitas ramificações de nervos), a qual é aproveitada pelos guias, para poderem trabalhar no plano material.

Deste modo, quando o médium ingere pequena quantidade da bebida, suas idéias e pensamentos, brotam com mais e maior intensidade. É também uma forma em que a entidade se aproveita este momento para ter maior ‘liberdade de ação’.

Os exus são os que mais fazem uso da bebida. Isto se ao fato de, estas linhas utilizarem muito de energias etéricas, extraidas de matéria (alimentos, álcool, etc.), para manipulação de suas magias, para servirem como ‘combustível’ ou ‘alimento’, encontrando então, uma grande fonte desta energia na bebida.

Estas linhas estão mais próximas às vibrações da Terra (faixas vibratórias), onde ainda necessitam destas energias, retiradas da matéria, para poderem realizar seus trabalhos e magias!

O marafo também é usado para limpar/descarregar pontos de pemba ou pólvora usados em descarregos.

O álcool por sua volatibilidade tem ligação com o ar e pode ser usado para retirar energias negativas do médium.

Já o alcool consumido pelo médium também é dissipado no trabalho, ficando em quantidade reduzida no organismo.

O perigo nestes casos é o animismo, ou seja, o Médium consumir a bebida em grandes quantidades por conta própria e não na quantidade que o Guia acha apropriada. Nestes casos, pode ser que o Guia vá embora e deixe o médium sob os efeitos da bebida que consumiu sem necessidade.”

Restrições à ingestão de bebidas alcoólicas

Obviamente, médiuns que tenham passado de alcoolismo não devem ingerir bebidas alcoólicas nem quando incorporados. Assim como menores de idade também não devem fazê-lo.

Alguns terreiros proíbem que todas as entidades, em qualquer circunstância, tomem bebidas alcoólicas. Outras as permitem apenas aos exus e às pombagiras. Outros ainda costumam proibir as entidades de direita de ingeri-las na giras, mas permitem excepcionalmente nas suas festas.

Referências

Livro Essencial de Umbanda – Ademir Barbosa Junior

As Mirongas de Umbanda – Dyron Torres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto

Curso de Umbanda da Sociedade Espiritualista Mata Virgem

Dicionário da Umbanda – Altair Pinto – Editora Eco

Arsenal de Umbanda – Evandro Mendonça – Anubis

Apostila do Curso de Formação Sacerdotal da Federação Umbandista do Grande ABC