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Também chamados de zimbas, os pontos riscados são fundamentais à prática da umbanda e da quimbanda. São desenhos que representam ideias, intenções e forças espirituais, geralmente riscados no chão com pemba (uma espécie de giz). Não apenas representam estas forças, como também as atraem. Cada ponto tem seu fundamento e seu objetivo.

Podem ser bordados em tecidos, roupas das entidades, paredes etc., de acordo com a indicação das entidades de um médium experiente. Nos assentamentos de exus e pombagiras é comum que sejam fixados os seus pontos individuais em ferro.

Segundo o antigo sacerdote umbandista Altair Pinto:

“Os trabalhos umbandistas, provindos das velhas seitas, foram sempre iniciados com riscos, ou pontos riscados, com o significado de letras ou hieróglifos, de acordo com a Linha a que pertencesse a entidade que fosse praticar o trabalho de magia, necessário naquele momento. É a Pemba, na Umbanda, a força misteriosa da escrita astral de nossa seita, que tem o poder de fechar, trancar ou abrir os terreiros, de acordo com as exigências dos trabalhos que vão ser praticados.”

O também sacerdote umbandista Ademir Barbosa Junior complementa:

“Funcionam como chaves, meios de comunicação entre os planos, proteção, tendo, ainda, diversas outras funções, tanto no plano dos encarnados quanto no da Espiritualidade.”

Cada entidade tem o seu próprio ponto riscado individual, que é a sua assinatura o representa, conta a sua origem, falange, história, segredos e fundamentos. Duas entidades diferentes nunca terão o mesmo ponto, mesmo que tenham o mesmo nome. Ou seja, se João incorpora o caboclo Tupinambá e Mário incorpora outro caboclo com o mesmo nome, cada um deles terá pontos riscados diferentes, uma vez que se tratam de espíritos diferentes, com histórias, segredos e fundamentos diferentes. Por esse motivo, pontos riscados encontrados em livros, na Internet ou vistos em terreiros, podem ser estudados, mas nunca copiados.

Quando uma entidade risca o seu ponto, este deve ser explicado por ela ao guia-chefe do terreiro. Caberá ao guia-chefe avaliar e aceitar ou não ponto. Quando o ponto não é aceito, considera-se que a incorporação do médium não está firme e que ele está atrapalhando a ação e comunicação da entidade. Portanto, riscar o ponto pode ser considerado uma importante prova de mediunidade.

Segundo o sacerdote de umbanda Evandro Mendonça:

“Todo chefe de terreiro tem como obrigação exigir das entidades dos seus médiuns que risquem seu ponto cada vez que incorporarem. Isso é uma das leis da Umbanda que deve ser cumprida para evitar futuros transtornos para o médium, para o chefe do terreiro e para o terreiro”.

Na umbanda, também é comum que entidades espirituais risquem pontos de orixás, usando os símbolos apropriados. Um mesmo ponto também pode ser cruzado, ou seja, pode representar a combinação (cruzamento) de dois orixás ou duas entidades diferentes.

Há pontos riscados também para os mais diversos fins: defesa, prosperidade, amor, cura etc. Portanto, uma mesma entidade pode riscar pontos diferentes em ocasiões distintas.

Em muitos terreiros, é comum também que o guia-chefe risque um ponto no começo da gira, próximo à entrada e saída das pessoas presentes, como proteção e/ou catalização de energias.

Segundo Diego de Oxóssi, babalorixá de candomblé e sacerdote de quimbanda:

“A forma como os símbolos serão dispostos – se retos ou curvados, se simples ou complexos, se para cima ou para baixo, dentre outras configurações – é que determinarão qual Entidade está ali representada, que tipo de energia se invoca e qual a finalidade do ponto.”

Referências

  • Desvendando Exu – O Guardião dos Caminhos – Diego de Oxóssi – Edição do Autor (1a edição)
  • Dicionário da Umbanda – Altair Pinto – Editora Eco
  • Livro Essencial de Umbanda – Ademir Barbosa Junior
  • As Mirongas de Umbanda – Byron Torres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto
  • Arsenal de Umbanda – Evandro Mendonça – Anubis
  • O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda – Leal de Souza – 1933