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A pajelança não se trata de uma religião de matriz africana, mas vale mencioná-la, pois influencia muitas religiões afro-brasileiras, ou é influenciada por elas.

Trata-se de um termo genérico usado para se referir às práticas espirituais de magia e cura das muitas tribos indígenas brasileiras. Assim como a práticas de magia e cura de origem indígena, mas sincretizadas com elementos não indígenas, como o catolicismo popular, o espiritismo kardecista e religiões afro-brasileiras. Neste último caso, alguns antropólogos dão a ela o nome de pajelança cabocla.

O pajé (sacerdote) reza e fuma um cachimbo, baforando a fumaça sobre o corpo do doente, enquanto toca um maracá. Durante a prática, entra em transe, tem visões e faz previsões. Também incorpora entidades espirituais, chamados de encantados ou caruanas, que habitam as florestas, o mundo subterrâneo e aquático, regiões conhecidas como “encantes”. Estas entidades podem ser espíritos de seres humanos, animais ou seres míticos. Para se tornar pajé, é necessário ter um dom de nascença ou “de agrado” (adquirido).

Segundo Câmara Cascudo:

“No extremo norte, a pajelança mistura práticas mágicas afro-ameríndias, fermentadas pelo baixo espiritismo. Na base de certas pajelanças está a zoolatria. Não são os orixás, nem os espíritos de mestres catimbozeiros que descem, nem os animais, caroanas, que se encarnam, nos pajés, para operar as curas. Baixam, por uma corda imaginária, o jacaretinga, a mãe-do-lago, a cobra grande e outros bichos fantásticos. O pajé e os demais circunstantes bebem tafiá (cachaça). No barracão onde se realiza o ritual, ficam os doentes. O pajé pergunta ao bicho, que nele se encarnou, como curar este ou aquele mal. Se o bicho sabe, indica a ‘puçanga’, que é uma beberagem enfeitiçada, fazendo o pajé também benzeduras, passes mágicos e defumações. Se, ao contrário, o bicho ignora, informa qual é o que entende do assunto e, então, o pajé o desencarna, para encarnar o entendido, quase diria, o especialista. Mas o bicho ou antes a alma do bicho que se apossa do pajé, muitas vezes quer dançar, quer brincar e se divertir, o que dá lugar a danças muito vivas e interessantes e que, por serem de bicho, são mímicas.”

A religião afro-brasileira em que mais se nota a influência da pajelança é, provavelmente, o catimbó. A sua influência, direta ou indireta, pode também ser notada na umbanda e no candomblé de caboclo.

Etimologia

Da língua indígena nheengatu, pajé.

Referência

Curso de Umbanda da Sociedade Espiritualista Mata Virgem

Dicionário de Folclore Brasileiro – Luís da Câmara Cascudo – Ediouro