Comida de santo são as comidas que servem de oferenda a orixás em religiões afro-brasileiras como o candomblé e o batuque. Na umbanda, também são chamadas assim as comidas usadas como oferendas a entidades espirituais, como caboclos, pretos-velhos, exus etc.
Abaixo, vamos dar alguns exemplos de comidas de santo.
A maioria das que listamos aqui são mais típicas do candomblé e oferecidas a orixás, não a entidades. É importante notar que, no candomblé, cada comida tem um significado e um propósito e não é preparada e oferecida ao orixá apenas por vontade do devoto, mas sim por orientação do oráculo do jogo de búzios.
Algumas das comidas de santo listadas pertencem também à umbanda.
Abadô
Prato preparado com milho vermelho torrado e às vezes esfarelado. Em Pernambuco, o abadô de Iemanjá é feito com arroz no lugar do milho.
Etimologia
Do iorubá, àgbàdo, “milho”.
Abará
Também chamado de Abalá.
Etimologia
Do iorubá, abalá, que significa “bolo de arroz”
Aberém
Etimologia
Do iorubá, abé rin.
Acaçá
Comida feita de massa de milho branco ou vermelho, ou de farinha de arroz, cozida com água e sal. O milho é moído e posto de molho para fermentar e cozido como angu ou mingau, sendo então embrulhado em folha de bananeira. É servido frio e serve de oferenda a todos os orixás. Também usado em ebós.
Segundo Fernandez Portugal Filho:
“Representativa do corpo do Òriṣà, da união do Òrun e do Aye. (…) o mesmo que ẹkọ”.
Etimologia
Segundo o Dicionário Michaelis, do fon, akatsa.
Segundo Nei Lopes, do fongbé, akansan, “pasta de farinha de mandioca”, relacionado ao hauçá akaza, espécie de creme.
Segundo Fernandez Portugal Filho, do iorubá, àkàsa.
Acarajé
Acarajé é uma espécie de pão ou bolinho feito de massa de feijão-fradinho ralado, temperada com cebola ralada e sal, frito em azeite de dendê. Em geral servido com recheio de vatapá e molho à base de camarões secos.
Segundo Fernandez Portugal Filho:
“(…) altamente protéico, é símbolo de crescimento e multiplicidade”.
Também conhecido como acará ou, em iorubá, àkarà. Acará significa “pão”. Acarajé, “pão para ser comido”.
Assista abaixo a um ótimo documentário sobre essa típica comida de orixá:
Etimologia
Segundo Nei Lopes, do iorubá, àkarà, “pão”, e onje, “alimento”. Outras possibilidades citadas pelo autor são: do iorubá, àkarà je; do ewe-fon, àklàje.
Segundo Fernandez Portugal Filho, no iorubá àkáràje.
Adalu
Comida de Ogum feita de feijão e milho.
Etimologia
Do iorubá, àdàlu.
Adum
Mistura de farinha de milho com azeite de dendê e mel de abelhas, oferecida a Oxum. Também chamado de ado ou adun.
Etimologia
Do iorubá, àádùn.
Aguidi
Comida votiva de Obaluaiê. Espécie de bolinho de milho vermelho amolecido, ralado e cozido com rapadura, envolto em folha de bananeira.
Etimologia
Do iorubá, àgìdí, o mesmo que èko, “alimento sólido feito de milho”.
Ajabó
Prato a base de quiabo picado e mel. Também chamado de caruru-branco. No candomblé, é uma comida de Iroco, mas pode ser oferecida a qualquer orixá, como pedido de misericórdia.
Amalá
Uma espécie de caruru, com pirão de farinha de arroz ou de mandioca, quiabos, azeite de dendê, camarão seco, cebola etc. No candomblé, o Amalá é em geral oferecido a Xangô.
No Rio Grande do Sul, é comum se chamar de amalá qualquer comida votiva de qualquer orixá e entidade. Assim, fala-se em “Amalá de Ogum”, “Amalá de Caboclo”, “Amalá de Iansã” etc.
Uma variação do nome é “omalá”.
Etimologia
Segundo Fernandez Portugal Filho, do iorubá, òmàlà.
Axoxô
No candomblé, comida ritual para Oxóssi e Logun-Edé. Feita de milho vermelho cozido e enfeitado com fatias de coco. Alguns terreiros cozinham o milho com mel. Outros, com melado de cana. Outros ainda, com nenhum desses dois ingredientes.
Chapéu de Inlê
Alimento votivo de Oxóssi. Tipo de axoxô, com um coco verde, aberto, colocado no alguidar, para enfeitar o prato.
Cocada
Na umbanda, é usada como oferenda para as entidades conhecidas como baianos e erês.
Deburu
Pipoca oferecida ao orixá Obaluaiê, tanto no candomblé, como na umbanda. També chamada de “guguru”.
Dependendo da tradição, da ocasião e da finalidade, a pipoca pode ser estourada no dendê, na areia da praia ou no azeite doce. Na iorubalândia, é estourada exclusivamente no dendê. O hábito de se estourar na praia ou no azeite doce é um hábito brasileiro.
Etimologia
Segundo Nei Lopes, do iorubá, gúgúrú, “milho seco frito”.
Egbó
Ekuru
Ekuru é uma comida votiva dos orixás que representa prosperidade e multiplicidade. É também comida dos antepassados (egum).
Na Nigéria, é feito com inhame cozido amassado no azeite de dendê. No candomblé brasileiro se faz com feijão-fradinho cozido com sal moído e colocado na folha de bananeira para cozinhar em banho-maria.
Etimologia
Do iorubá, ekùru.
Omolocum
Comida africana feita de feijão fradinho, azeite de dendê, camarão seco e ovos. Oferenda para Oxum.
Etimologia
Segundo o Dicionário Michaelis, do iorubá, mọlikún.
Segundo Fernandez Portugal Filho, do iorubá, ọmọ olokun, “filho de Olukun (orixá dos oceanos)”.
Referências
Cadernos de Umbanda – Omolubá – Pallas – 2a Edição
Dicionário de Folclore Brasileiro – Luís da Câmara Cascudo – Ediouro
Dicionário Michaelis
Dicionário da Umbanda – Altair Pinto – Editora Eco
Elebo – Magias e oferendas afro-brasileiras – Fernandez Portugal Filho – Editora Isis – 2013
Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana – Nei Lopes – Selo Negro – Açabá
Livro Essencial de Umbanda – Ademir Barbosa Junior
Tudo o que você precisa saber sobre umbanda – Volume 2 – Janaína Azevedo – Universo dos Livros