Ponto de fogo é um ponto riscado feito com pólvora (fundanga, tuia), o qual é acendido geralmente por uma entidade incorporada. É mais usado por exus e pombagiras, embora nada impeça que outras entidades também o façam. É uma prática presente tanto na umbanda como na quimbanda.
Costuma ser usado como descarrego, em casos graves, geralmente quando há magia negra envolvida no problema enfrentado pelo devoto. Só pode ser feito por médiuns experientes e com muita firmeza, geralmente sacerdotes. O uso incorreto do ponto de fogo pode trazer consequências desastrosas quando feito sem conhecimento.
Segundo o livro Iniciação à Umbanda, de Ronaldo Antonio Linares, Diamantino Fernandes Trindade e Wagner Veneziani Costa:
“Quando se queima a pólvora, procura-se combater as forças contrárias pela luz, explosão, agindo como veículo de limpeza. Além disso, a queima de pólvora provoca um brusco deslocamento de ar que atinge o corpo astral dos obsessores, afastando-os da pessoa obsedada.
Na queima ocorre ainda um desprendimento de enxofre que, desde os tempos mais remotos, é utilizado para afastar as forças negativas do mal.”
Segundo Tata Tancredo, principal divulgador da umbanda omolokô:
“Pessoas inexperientes, mas audaciosas, têm se dado mal com a baca-tuia, o trabalho com pólvora. Explosões e incêndios têm servido de lição a centros sem orientação firme e cuidadosa.”
Há também quem use o ponto de fogo como magia negra, para efetuar um ataque a um desafeto.
Segundo Adalberto Antônio Pernambuco Nogueira, ex-presidente da União de Umbanda (Porto Alegre/RS):
“(…) a pólvora jamais deve ser queimada dentro de casas ou ambientes fechados e sim, próxima a aberturas, pois o recinto fechado não permite a evaporação das camadas deletérias por ela deslocadas em sua explosão, o que determinará o sobrecarregamento do ambiente de novos resíduos, estes já oriundos de sua ação.
Apesar de ser a pólvora a força máxima pra limpeza, seu uso deve ser restrito a casos da mais absoluta
necessidade e, além dos cuidados já arrolados no presente trabalho, sob a responsabilidade do Guia-Chefe ou
de seu preposto, com o auxílio, é evidente, das falanges trabalhadoras ou evocadas.”
Referência
Dicionário dos rituais afro-brasileiros – LP Baçan
As Mirongas de Umbanda – Dyron Torres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto
A pólvora – Adalberto Antônio Pernambuco Nogueira – Jornal JOCAB (meados de 1994)