Abô é um banho feito de ervas maceradas que fica curtindo e fermentando na água das quartinhas dos orixás durante 21 dias. Pode ser misturada a outros ingredientes, como obí, orobô, azeite, mel e sangue de animais sacrificados. Muito usado no candomblé e, também, em alguns terreiros de umbanda.
Também é chamado de abô dos axés.
O líquido é acondicionado em um porrão/ quartilhão (grande vasilhame de barro) e empregado ao longo do processo de feitura (rito de iniciação do candomblé) e em banhos de descarrego.
É um fundamento afro-brasileiro, que não tem correspondência na iorubalândia. É uma prática essencial ao candomblé, mas também usado em alguns terreiros de umbanda.
Segundo Nei Lopes, no Maranhão é o nome de uma bengala usada por alguns voduns.
Uso do abô na umbanda
Segundo o livro Iniciação à Umbanda, o banho de abô pode ser tomado nas seguintes ocasiões:
- Quando o filho de santo está excessivamente carregado de negatividade;
- Quando o consulente não encontra soluções para o seu problema devido à sua negatividade, que impede as entidades de luz de acharem o “fio da meada”;
- Quando o médium apresenta problemas de incorporação;
- Quando a entidade de esquerda se manifesta antes das de direita;
- Quando uma pessoa vai a um funeral e sente que voltou carregado.
Os autores ensinam que após tomar o banho de abô, o filho de santo ou consulente deve deitar em uma esteira de palha pelo período de três horas em um quarto escuro. O quarto só deve ser iluminado com uma vela de quarta que deve se colocada na cabeceira, ao lado de um alguidar com água de cachoeira ou água natural.
O ritual pode variar de terreiro para terreiro.
Saiba mais sobre o abô na umbanda neste vídeo do sacerdote Paulo Ludogero:
Etimologia
Para Nei Lopes, provavelmente vem do ewe-fon, ààbò, “proteção”, “defesa”.
Segundo José Flavio Pessoa de Barros, vem do iorubá, àgbo.
Referências
Dicionário do Folclore Brasileiro
Dicionário da Umbanda – Altair Pinto – Editora Eco
Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana – Nei Lopes – Selo Negro
Iniciação à Umbanda – Ronaldo Antonio Linares, Diamantino Fernandes Trindades e Wagner Veneziani Costa – Madras
Livro Essencial de Umbanda
Ewé Òrìsà: Uso Litúrgico e Terapêutico dos Vegetais nas Casas de Candomblé Jêje-Nagô