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Roupagem fluídica é uma teoria muito usado na umbanda e que foi tomado emprestado do espiritismo.

Segundo essa teoria, a forma como as entidades se apresentam não é necessariamente a forma que tiveram quando encarnados. Sendo, na verdade, representações que elas assumem para se adequar aos trabalho de umbanda, de acordo com as convenções e estereótipos esperados de cada linha.

Mais especificamente, quem defende essa teoria afirma que os caboclos não foram necessariamente indígenas, pretos-velhos não foram necessariamente nem pretos, nem velhos (nem escravos) e assim por diante. O mesmo valendo para erês, boiadeiros, marinheiros, ciganos, exus, malandros etc.

Em alguns casos, a roupagem fluídica poderia ser influenciada por uma de suas encarnações, não necessariamente por  todas elas. Por exemplo, a entidade que se apresenta como caboclo pode ter sido índio em uma das suas encarnações, mas não na última.

Ou ainda a sua roupagem pode ser influenciada por mais de uma encarnação. Como seria o caso do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que incorporava em Zélio Fernandino de Morais. Em sua primeira incorporação em um centro espírita, embora se apresentasse como um caboclo (índio), um dos médiuns presentes via nele resquícios das vestes de um padre. Ao ser questionado sobre isso, o caboclo teria respondido que em sua penúltima encarnação ele foi o padre português Gabriel Malagrida e que, após a sua morte, reencarnou no Brasil como um índio.

Roupagem fluídica é um tema controverso

Nem todos os umbandistas concordam com a teoria da roupagem fluídica. Há aqueles que defendem, por exemplo, que se uma entidade se apresenta como boiadeiro, é porque o foi em sua última encarnação. E que essa coincidência entre a história da entidade e a sua forma de apresentação é um fenômeno importante para caracterizar a umbanda como um culto da ancestralidade brasileira.

Há ainda quem argumente que a teoria da roupagem fluídica abre espaço para o racismo e o preconceito. Um exemplo disso seria dizer que por trás da roupagem de um simples preto-velho pode estar, por exemplo, um médico europeu. Alguns dizem que isso indicaria que o “real valor” da entidade estaria na sua branquitude e na sua origem européia, sendo essa então uma visão racista.

Referência

Livro Essencial de Umbanda – Ademir Barbosa Junior