Hauçá é uma etnia de negros muçulmanos, que habita, principalmente, o norte da Nigéria e o sul do Níger. Foram trazidos ao Brasil como escravos no início do século XIX. Também é o nome da língua desta etnia.
Segundo Nei Lopes:
“HAUÇÁS. Povo das atuais regiões norte da Nigéria, sul do Níger e norte de Camarões. Antes da Era Cristã, seus ancestrais constituíam uma comunidade de pastores, agricultores e artesãos. Segundo a tradição local, certo dia, o herói de nome Bavo, numa aldeia chamada Daura, matou a serpente sagrada que impedia o povo de tirar água do poço onde vivia. A morte da serpente alegrou tanto a rainha de Daura que ela deu sua filha em casamento ao herói. E dessa união nasceram sete filhos, que fundaram os sete Estados hauçás, a saber: Daura, Gobir, Kano, Rano, Katsina, Biram e Zaria, os quais constituíram a confederação conhecida como “Banza Bokwoi”. Gobir, na posição mais ocidental, ganhou a incumbência da defesa contra os poderosos inimigos do oeste. À época da queda do antigo Gana, destruído pelos almorávidas no século XI d.C., vagas migratórias e invasões consecutivas no eixo Nilo-Chade e nas circunvizinhanças teriam motivado a fundação de dinastias cujos fundadores ou alguns de seus líderes tornaram-se soberanos de diversos reinos, como os dos iorubás e hauçás, estes já sob influência islâmica. Entretanto, Baumann verificou na moderna cultura hauçá alguns traços de origem mais antiga, como o modelo de sucessão ao trono de Kano, regulado pelo matriarcado, como em Cuxe; o boi de sela mantido pela rainha de Daura, semelhante a costume dos antigos garamantes; além de relacionar outras práticas a costumes correntes no Cordofão e na Núbia.”
Referências
[eafl id=”3352″ name=”Dicionário da Antiguidade Africana” text=”Dicionário da Antiguidade Africana – Nei Lopes – Civilização Brasileira”]
Dicionário Michaelis